Como diria um veterano político, nunca antes na
história deste país William Bonner gerou tantos comentários nas redes sociais —
elogios, críticas, ironias, hashtags — como na noite de segunda-feira (18),
quando ele e Patrícia Poeta entrevistaram a presidente Dilma Rousseff no
‘Jornal Nacional’.
Durante os 15 minutos e 52 segundos de duração da
conversa, o apresentador interrompeu a candidata do PT à reeleição 21 vezes.
Nos 18 anos como âncora do principal telejornal da Globo, e o de maior
audiência do país, Bonner jamais foi tão incisivo com um entrevistado.
Já na primeira pergunta, o jornalista repetiu 7
vezes a palavra ‘corrupção’ para questionar Dilma sobre os escândalos
envolvendo seus ministérios. O embate entre ele, sempre insatisfeito com as
respostas, e a presidente durou 7 minutos e 15 segundos.
Só depois disso, Patrícia Poeta, até então
espectadora do ‘duelo’, fez sua primeira pergunta, mudando o assunto da pauta
para saúde. Porém logo Bonner e Dilma voltaram a se enfrentar. O apresentador
fez 5 intervenções tentando interromper a presidente para enfim lançar o
terceiro tema: economia.
Faltavam pouco mais de 3 minutos para o fim da
entrevista quando ele conseguiu finalmente questionar a candidata sobre
inflação, superávit, expectativa de crescimento e responsabilidade sobre os
números da economia.
Seguiu-se um novo round entre Bonner e Dilma, com o
apresentador questionando cada frase da presidente. Aos 14:35 a candidata foi
interrompida: “Nosso tempo está acabando”, avisou Bonner. “Acabou?”, reagiu a
petista.
Mesmo com o tempo quase estourado, o apresentador e
editor-chefe do ‘JN’ informou que iria garantir a Dilma o espaço de 1 minuto e
meio concedido a todos os presidenciáveis para as considerações finais.
Perto dos 15 minutos e 30 segundos, Bonner e Poeta
tentaram fazer a presidente encerrar sua mensagem. Mas ela ainda falou por mais
20 segundos.
Na despedida, Dilma Rousseff emitiu uma frase de
impacto: “Eu acredito no Brasil. Acho que, mais do que nunca, todos nós
precisamos acreditar no Brasil”.
Lembrou a declaração — posteriormente transformada
em um quase mantra — do então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos,
na entrevista concedida na terça-feira (12).
Menos de quatorze horas antes de morrer no acidente
aéreo em Santos (SP), o ex-governador pernambucano convocou: “Não vamos
desistir do Brasil”.
Apesar do tom enérgico adotado por William Bonner,
e das interrupções de sua fala que ela raramente admite no dia a dia, a
presidente Dilma Rousseff manteve a calma.
Ao retrucar, não soltou nenhum “meu filho” nem
“milha filha”, o que costuma fazer quando está prestes a perder a paciência com
os interlocutores, especialmente repórteres.
Foi a entrevista mais contundente das três
realizadas até aqui. Além de Dilma e Campos, o ‘JN’ sabatinou Aécio Neves,
candidato do PSDB, na segunda-feira (11).
No último fim de semana, William Bonner retuitou
uma mensagem que explica sua postura na série do ‘Jornal Nacional’ com os
candidatos à Presidência: “Jornalista que não é incisivo com o entrevistado
vira assessor de imprensa”.
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