Dos labéus homens humanos
Para ser cobaia dos planos
De uma misantropia legítima.
Meu anátema era perspícuo
Por eu não integrar a súcia
Estroinada pela astúcia
De um conluio promiscuo.
Condenaram-me à prisão
Por um crime não praticado
E passei a ser considerado
O maior bandido da região
Quando eu saí da cadeia,
Não podia andar na cidade
Pois toda a sociedade
Entrava comigo na peia.
Por causa da prolixa inópia,
Da mais altíssima indigência,
Eu teria que usar a inteligência
Em prol da imagem própria.
Mas, difícil era a saída
Daquela miséria extrema
E, para enfrentar o problema,
Eu teria que mudar de vida.
Como era o Ano Internacional
De Combate ao Analfabetismo,
Para fugir do “cataclismo”,
Aspirava ser mais social.
Eu era apenas autodidata,
Sem nunca ter ido à escola
Mas, a minha vontade pachola
Divergia da matula plutocrata.
Decidi dá os primeiros passos
Nesta minha trajetória,
Protagonizando a história
De vitórias e fracassos.
Então, minha vida estudantil,
A mais humilde e honrosa,
Teve proêmio na noite chuvosa
Do venturoso dia 02 de abril
Na Escola “Francisco de Sá Cavalcante”
Onde aprendi a ler e a escrever
Sempre cumprindo com o dever
Do mais exemplar estudante.
Apesar da situação horrenda
Na qual eu me encontrava
Quando eu só me alimentava
Se na escola tivesse merenda.
Terminei o Ensino Fundamental
Por meio de um Supletivo
Pois eu era muito ativo
Quanto à questão educacional.
O Ensino Médio foi concluído
Com muitíssima dedicação
Já que a minha pretensão
Era de ser bem instruído.
Obstado de fazer o vestibular
No território estadual,
Voltei à Escola Paroquial
Na tentativa de estudar.
E, como adversário político,
Eu não fui matriculado
Só para que fosse castrado
O meu pensamento crítico.
Os prosélitos da Paraíba
Não me atendiam à lamúria,
Provocando-me a fúria
E repulsa a pindaíba.
Tudo era soez e invectiva
Contra o meu sonho volível,
Egrégio e indefectível
De conseqüência lenitiva.
O Ministério da Educação
Dessa feita ficou sabendo
Do que estava acontecendo
Concernente à discriminação.
Trataram-me com preconceito
Porque fui tão premente
E fui preso novamente
Por exigir o meu direito.
Mas, descobri a importância
Do meu destino obscuro
Em busca do meu futuro
Com simplória jactância.
Pois a máfia contemporânea
Aproveita-se da miséria
De cada pessoa séria
E de humildade espontânea.
Hoje eu sou tido à margem
Da sociedade corrompida,
De mentalidade prostituída
Que denigre a minha imagem.
Amanhã será a minha vez
De aludir à renúncia
Causada pela denúncia
Que o meu anátema fez.
Autor:
Abel Alves
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