quinta-feira, 3 de maio de 2012

PUERÍCIA

Eu nunca tive “puerícia”
Menos, ainda, adolescência.
Sobrevivi na carência
De uma vida sem carícia.
Não experimentei a delícia
De ser uma criança normal
Meu sofrimento colossal
Disfarça a morte em malícia.

O meu futuro “promissor”
Só dependia do meu presente
Humilhante e decadente
E do meu passado opressor.
Mas, o que tenho de valor?
A vida, não vale nada!...
Óbice da natureza malvada
No perspícuo erro do “Criador”.

Eu não tive oportunidade
E, quando me tornei adulto,
Fizeram-me de mim um vulto
Vítima da vil sociedade.
Sem ter força de vontade,
Sou uma alma desvalida,
Sem ter sentido na vida
Sigo rumo à fatalidade!

Roubaram a minha juventude,
Malograram o meu destino,
Deixando-me tão pequenino
Sem razão e sem “virtude”.
Eu fiz tudo o que pude
Para valer o meu direito,
Mas, só encontrei preconceito
Contra a minha atitude.

Talvez, uma outra geração
Queira saber de importância
Que teve a minha infância
Na estrutura desta nação.
E, com o poder do coração,
Com um amor bem fraterno
Em outro tempo moderno
Atente à minha aclamação.

Pois, só o que pode me salvar
É uma palavra de conforto.
Mas, se eu já estiver morto?
De nada me vai adiantar.
E todos irão propalar:
Foi a falta de “oxigênio”
Que acabou matando o “gênio”
Do martírio popular.

Autor: Abel Alves
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Blog: http://abelmetacritica.blogspot.com


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