quinta-feira, 24 de maio de 2012

PROCURA-SE


Sei que vai contra a lei divina
A mulherização das jumentinhas
Isto comigo já não combina;
Nem cloacar com as galinhas
Irei procurar uma concubina
E me divorciar das bacorinhas

É uma coisa meio estranha
Fazer enxerimento com animais.
Mas, a precisão era tamanha
Que eu queria mais e mais
Com o meu poder de barganha,
Eu achava bom demais.

Hoje, não quero uma amante
Que tenha chifres ou penas
Ou que relinche a cada instante.
O que eu quero apenas
É não dá uma de galante
E reviver as mesmas cenas.

Pretendo botar um aviso
Em  jornal, rádio e televisão.
É de uma mulher que preciso,
Sem precisar ter boa visão,
E deixarei de ser indeciso
Com esta drástica decisão:

Procura-se, desesperadamente,
Uma paixão pura e verdadeira
Que até pode ser demente
Mas, queira ser a primeira
A me amar eternamente
Toda a vida, a vida inteira.

Não é preciso ser bonita,
Não importa que seja desajeitada.
O importante é se acredita
Nesta minha conversa fiada
E não pense e nem reflita
Se estiver caindo numa silada.

Já procurei por todos os cantos
Mas, não encontrei nada.
Agora vou para Sílvio Santos
Arranjar uma namorada,
A mulher dos meus encantos
Que seja sã ou aleijada.

Eu quero é tirar o pé da lama
E acabar com esta fadiga.
Por isto vou para o programa
Casamento à Moda Antiga,
Esperando que a velha fama
Desapareça e não me siga.

Quem se agarra à confiança
E procura, sempre acha.
De casar, eu tenho esperança,
O casório ou vai ou racha.
Eu até comprei uma aliança
Que é feita de borracha.

A aliança tem um segredo
Que é um pouco estranho
Ela dá certo em qualquer dedo
Pois, estica sem tamanho
Restando apenas o medo
Se o casório é perda ou ganho.

Autor: Abel Alves

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