quinta-feira, 24 de maio de 2012

A MORTE DO JUMENTO


É preciso ter muita prudência
Para enfrentar a “inesperada”
E sempre fazer-lhe reverência
Quando a coisa der errada
Pois, com a sua insistência,
A morte vem sem dizer nada.

E não há culpabilidade
Em relação a esta etapa,   
Nem truques de habilidade
De se apelar para o “papa”
Porque só há uma realidade:
Da morte ninguém escapa...

Oh, a culpa não foi minha
De o jumento ter morrido.
Ainda mais que eu tinha
Acostumado com o seu gemido
E, à hora em que eu vinha,
O mundo estava escurecido.

Agora tudo é sofrimento
Naquela terra esquecida
Por causa da morte do jumento,
Uma morte tão sofrida
E maior será o meu lamento
Por toda a minha vida.

O seu destino foi traçado,
Conforme o que a história diz:
Sacrifício do animal “sagrado”.
Mas que destino infeliz,
Acabar morrendo enganchado
Em uma grossa raiz.

O meu maior castigo
Que agora vou revelar
E estará sempre comigo
Já que não posso mudar
É a morte desse amigo
Que eu não pude evitar.

Tanta água que ele carregava
Mostrando que era forte
A gente só não contava
Com tanta falta de sorte
A corda que lhe amarrava
Iria trazer-lhe a morte.

E essa tristeza que deságua
Em torno do meu ser
Só aumenta a minha mágoa.
Como é que vou viver,
Sem ter uma gota d’água
Para que eu possa beber?

Autor: Abel Alves

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