IDOSO é o indivíduo que tem muita idade; VELHO
é o indivíduo que perdeu a jovialidade. A idade causa a degenerescência das
células; a velhice causa a degenerescência do espírito. Por isso, nem todo
idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso.
O mesmo acontece com as coisas: Há coisas que
são "idosas" (antigas) e há coisas que são “velhas” (obsoletas). Um
vaso da Dinastia Ming (1368-1644) pode ser uma antiguidade, uma relíquia que
não tenha preço; outro, de apenas uns 10 anos ou menos, pode ser um vaso velho,
relegado a um depósito.
Você é idoso quando pergunta se vale a pena;
você é velho quando, sem pensar, responde que não. Você é idoso quando está
pronto a correr riscos; você é velho quando procura correr dos riscos. Você é
idoso quando sonha; você é velho quando apenas dorme. Você é idoso quando ainda
aprende; você é velho quando já nem ensina. Você é idoso quando pratica esporte
ou, de alguma outra forma, exercita-se; você é velho quando apenas descansa; você
é idoso quando ainda sente AMOR; você é velho quando só sente ciúmes e
possessividade; você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua
vida; você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada; você
é idoso quando seu calendário tem amanhãs; você é velho quando seu calendário
só tem ontens.
O idoso é aquele indivíduo que tem tido a
felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande
experiência; ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma
ponte entre o presente e o futuro e é no presente que os dois se encontram. O
velho é aquele que tem carregado o peso dos anos; que em vez de transmitir
experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele,
não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do
presente pelo apego ao passado.
O idoso se renova a cada dia que começa, o
velho se acaba a cada noite que termina, pois enquanto o idoso tem seus olhos
postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho
tem sua miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso tem planos, o velho
tem saudades. O idoso curte o que lhe resta de vida, o velho sofre o que o
aproxima da morte. O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura
compreender os novos tempos; o velho se emperra no seu tempo, fecha-se em sua
ostra e recusa a modernidade.
O idoso leva uma vida ativa, plena de
projetos e a preenche de esperanças. Para ele, o tempo passa rápido, mas a
velhice nunca chega. O velho cochila no vazio de sua vidinha e suas horas se
arrastam destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas porque foram
marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias porque foram vincadas pela
amargura.
Em suma, idoso e velho, dois indivíduos que até
podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades bem diferentes na mente e
no coração.
Abel
Alves
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