domingo, 26 de agosto de 2012

MANEQUIM DE FUNERÁRIA


Porquê um ventre me concebeu,
Até agora eu não descobri.
Estou achando que não nasci:
Fui desembeicado que nem pneu.
Ninguém é mais feio do que eu,
Nem mesmo a vítima do mongolismo.
Eu sou a beira do abismo
Em que a beleza se perdeu.

Se a natureza me escolheu,
Foi por eu ser tão feioso.
Eu sou o ser mais horroroso
Que neste mundo já viveu.
E se um dia nasceu
Uma outra criatura
Com toda esta feiura
Com certeza já morreu.

Pois, com este jeito meu
De galã de filmes de terror,
Sou um atentado ao pudor
Da beleza que faleceu
E a mídia já me elegeu
Manequim de funerária.
Sou esta figura lendária
Em seu eterno apogeu...

Autor: Abel Alves

Nenhum comentário: