quinta-feira, 29 de março de 2012

MEU GRITO

Vou escarrar e vou cuspir,
Eu vou cagar na cara
Do cara que não me encara
E está querendo fugir.
Vou insistir e persistir
No grito que declara:
Eu vou descer a vara
Em quem não quer me ouvir.

Vou escarnecer e provocar
E impor minha vontade,
Vomitar toda a verdade
Sem parar de incomodar.
Vou aborrecer e insultar
Esta pútrida sociedade,
Déspota, chistosa e covarde
Que me aspira sojigar.

Vou despertar ódio e rancor
Na metástase da crença,
Ser pior que a doença
Que dizima sem dó nem dor.
Sem o mínimo de pudor,
Eu é que faço a diferença
Sem jamais pedir licença
Para ser provocador.

Eu vou cometer loucura,
Hei de causar transtorno
Pois, não quero o retorno
Da impiedosa desventura.
Eu vou quebrar a jura
Que gira sempre em torno
Do silêncio de adorno
Que me leva à sepultura.

Eu vou fazer barulho
De maneira não sutil,
Vou mexer com o Brasil,
Meretrício de entulho.
Vou fazer um embrulho
Desta merda lerda e vil
Que não passa de covil
No apróbrio do orgulho.

A eutimia é quem agride
O escarcéu que vangloria
O poder da rebeldia
Que estimula e progride
E quando se negride
A efêmera histeria,
A prolixa hipocrisia
Prolifera assaz e regride.

Eu somente acredito
Na eficácia da fúria,
Na discrepância da injúria
E na excelência do meu grito
Que transcende o infinito
No desafio da lamúria
Com a pena da penúria
Da ditadura que dito.

Autor: Abel Alves

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